Muitas empresas tiveram que adaptar bruscamente o formato de trabalho para o modo remoto, se vendo literalmente aos tombos para adequar às vezes 100% do seu quadro nessa nova rotina.
Nas redes sociais, vemos as etapas que o home office já passou: os primeiros 15 dias todos felizes por trabalhar em casa, perto da família, com o cachorro do lado, podendo preparar sua refeição, dormindo um pouco mais por não precisar se deslocar, enfim, eram só flores.
Com a pandemia se mantendo firme e as transmissões só aumentando, os prazos do trabalho remoto se estenderam, chegando aí na próxima fase vivida pelo funcionário: nesse momento, o pijama já está quase virando uniforme, metade das pessoas já fizeram seu primeiro pão caseiro e as oscilações de humor vão da gratidão por estar em casa e os momentos de solidão por não estar perto dos colegas no escritório.
Após cerca de 120 dias nessa vida, muita gente está odiando o home office, só arruma o cabelo para videoconferência e o mau humor/desânimo assola os dias. Já saiu do pão fresquinho e comida caseira para o miojo e se divide entre o trabalho e as tarefas ead das crianças.
No outro lado estão os gestores e o próprio RH, tentando fazer malabarismo para manter o engajamento da equipe, tratando os problemas pontuais, resolvendo questões ergonômicas e de produtividade, realizando ações para manter a saúde mental na fase de incerteza e muito mais do que eu poderia dizer aqui.
Posso afirmar, pois estou dos dois lados, o da gestora que tenta de tudo para manter a equipe em harmonia mesmo que à distância, o da profissional que tem a mesa de jantar como escritório agora e ainda do RH que passa o dia pensando em ações que possam ajudar os demais. E aqui, neste relato, gostaria de trazer algumas dicas que desenvolvi nesse tempo que pode ajudar quem está em situação similar:
1 – Tenha paciência
Tudo sendo muito novo apesar de passarem já tantos dias de quarentena, nos faz acreditar que não estamos sendo assertivos no trabalho. O tempo, literalmente é outro e ainda estamos na fase de tentativa e acerto. Então, tenha calma e reflita o resultado de cada situação para avaliar o que pode ser corrigido ou o que vai ser assim mesmo daqui para frente.
2 – Expanda seu modelo mental
Tente acreditar menos em 8 ou 80 ou em visões fechadas, pois desenvolver sua mentalidade e visão de mundo é fundamental para manter o equilíbrio. Perceba aprendizado em tudo e fique aberto para receber informações, não dando seu pré diagnóstico antes mesmo de saber se é a informação é válida ou não.
3 – Faça planos a curto prazo
Por mais que o planejamento da empresa muitas vezes é semestral ou anual, quebre-o em partes menores para repassar a sua equipe ou se você está do outro lado, quando receber as metas a longo prazo, faça delas metas a curto prazo, assim você terá mais controle sobre o desenvolvimento de suas ações e faz sua mente acreditar mais no que pode resolver amanhã ou nessa semana do que ainda vai acontecer daqui a um mês ou um ano.
4 – Mantenha Hábitos
Em casa, com uma rotina mais flexível e com tantas notícias difíceis que chegam ao nosso conhecimento, manter hábitos (os saudáveis que me refiro) é mais complicado que normalmente. Por isso, a disciplina é tão importante! Busque formas de manter esse momento ativo, nem que isso signifique 20 minutos por dia. Procure pensar que é a sua saúde que está preservando em um momento que ela nunca foi tão preciosa quanto agora.
5 – Converse
Mantenha uma rede (nem que seja de 2 pessoas) para conversar. Ligue para um amigo, um colega de trabalho, mande um áudio naquele grupo do whatsapp dizendo como está e perguntando dos demais. Compartilhe algo bom e uma preocupação com alguém. Falar o que sente ajuda a manter-te ativo. Também estão ajudando muito nesse momento, profissionais da saúde como psicólogos e terapeutas que atendem até de forma gratuita para quem não tem recursos. Não se envergonhe, conversar e falar seus sentimos ajuda mais do que você imagina.
6 – Flexibilize sua Rotina
Quando perceber que um determinado modo que está trabalhando não funciona mais como antes, te deixando cansado e desanimado, faça adaptações! Mude o local onde trabalha por exemplo, saia da mesa de jantar e vá para o sofá. Coloque uma planta ao lado do seu computador, inverta o processo (se você puder é claro) fazendo o que mais se sente confortável no final do dia e começando pelo que é mais difícil, assim a tarde seu esgotamento emocional certamente será menor.
É possível e várias pesquisas já apontam que o home office vai ser adotado por muitas empresas no pós pandemia e isso é só uma das coisas que vai mudar na nossa vida depois que ouvimos falar pela primeira vez no Coronavírus. A visão estratégica, a flexibilidade cognitiva e a empatia são competências que predominarão o mercado de trabalho em um futuro próximo. O trabalho em casa, só foi um empurrãozinho para toda a mudança que vamos passar, das quais muitas já estavam previstas e só tiveram que ser aderidas mais rapidamente.
Mesmo difícil e por vezes se sentindo esgotado, a vida sem um propósito é mais difícil de ser vivida, dessa forma, aquele seu sonho de fazer uma pós-graduação, ou de viajar para o exterior ou receber aquela promoção não precisa ser esquecido, apenas readaptado e se conseguir fazer essa adaptação já vai ter adquirido mais uma competência que o mercado procura: a resiliência!