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As pessoas me perguntam: “As coisas voltarão a ser como antes depois do Covid-19?” – Eu acredito que não. Nossa civilização chegou em um nível de desenvolvimento que permitiu controlar o incontrolável, que é a situação deste vírus. Apesar de não estar totalmente dentro do controle a situação, mas há 100 anos atrás, o estrago seria bem maior.
No entanto, toda a capacidade de adaptabilidade do ser humano contemporâneo e todo o fluxo de informação gerada, promoveu uma série de novos aprendizados, e até mesmo novos padrões neuronais, que geram novos comportamentos, e retroceder este processo é impossível, ou seja, exatamente igual, jamais seremos.
Nada e ninguém será o mesmo, independente se confinados ou não, a experiência vivenciada por todos nós, foi muito intensa, e o reflexo dela, nas relações interpessoais, nos negócios, nos empregos, no consumo etc. Enfim, todos fomos tocados em vários aspectos, tivemos muitas perdas e muitos ganhos. Para equilibrar esta balança, precisaremos de pelo menos mais um ou dois meses.
Se olharmos o que estamos vivendo, do ponto de vista do processo de aprendizagem, no primeiro mês de confinamento entramos na zona de vulnerabilidade, quando ficamos ansiosos (batendo panela, rezando, batendo palmas etc.). Neste momento, tomamos contato com nossa impotência, com a falta de conhecimento para uma situação nova.
No segundo mês, fase da depressão, entramos na zona de aprendizado gerado pelo desconforto do não conhecimento necessário para lidar com os novos fatos. A partir do terceiro mês, tendemos a entrar na zona de conforto onde teremos aprendido o necessário para a adaptação. Mais ou menos como um novo funcionário de uma empresa que passará pelo período de três meses de experiência, como período mínimo para ter controle dos novos desafios no novo cargo.
Quanto antes as coisas voltarem ao “normal”, menos mudanças promoverá no íntimo de cada um de nós, mas sabemos que muitos perderam seus empregos, muitos tiveram mudanças na sua remuneração e com isso, mesmo que encerrado agora o confinamento, nada será como antes. Mas isto não significa que será pior, muito pelo contrário, a profundidade do aprendizado que estamos adquirindo será a alavanca para construirmos um futuro ainda melhor que o passado.
Como melhor? Melhor. Ser melhor já é o suficiente, pois a capacidade de superação e de aprendizado do ser humano é fantástica, não é à toa que no universo somos os únicos à construírem uma sociedade tão complexa, que agora, fazendo valer qualquer sacrifício para mantê-la, ainda conseguiremos ser melhor que antes.
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