Cada vez mais, cresce o número de profissionais que relatam exaustão pelo excesso de exposição a dispositivos eletrônicos. O Brasil é o 2º país no ranking mundial onde a população passa mais tempo conectada, cerca de 9h por dia, perdendo apenas para a África do Sul – de acordo com dados obtidos em uma pesquisa realizada pela Eletronics Hubs.
Além disso, as consequências causadas pelo excesso de conexão se intensificaram na pandemia, onde não houve um tempo de transição, nós apenas tivemos que nos adaptar a uma nova realidade de um dia para o outro. E a partir daí, não conseguimos mais desconectar. Vivemos com a urgência da resposta, de atender o outro na hora. Nada mais pode esperar. Mas será que realmente não pode? Um bom profissional não é aquele que responde mais rápido ou está 100% do tempo disponível. Há uma vida por trás de cada tela e precisamos entender isso.
O que é Burnout Digital?
O Burnout Digital é uma síndrome relacionada ao esgotamento causado pelo uso excessivo de dispositivos digitais e pela sobrecarga de informações a que estamos expostos diariamente. Caracteriza-se pela exaustão física e emocional resultante da constante pressão para estar sempre online, responder mensagens, e-mails e participar de atividades virtuais sem pausas adequadas para descanso.
Esse fenômeno tem se tornado cada vez mais comum na era da tecnologia, especialmente com a crescente dependência de smartphones, redes sociais, e-mails e outras plataformas digitais para o trabalho e atividades pessoais. O Burnout Digital afeta não apenas a vida profissional, mas também a qualidade do sono, a saúde mental e as interações sociais, podendo levar a problemas como ansiedade, estresse, dificuldade de concentração e isolamento social.
Quais são as principais características de um Burnout Digital?
De acordo com um estudo realizado pela Fishbowl – 54% dos entrevistados afirmaram que não são ou acreditam não serem capazes de se desconectar do trabalho, mesmo em período de férias, fazendo com que trabalhem em jornadas estendidas e tenham dificuldades em estabelecer limites entre vida pessoal e profissional. Esse é um dos hábitos mais comuns que causam o Burnout Digital. Conheça os principais sintomas:
Exaustão constante: a sensação de cansaço e fadiga é uma das marcas do Burnout Digital. A dificuldade em desligar-se do trabalho ou das atividades online pode levar a noites mal dormidas e baixo rendimento nas tarefas.
Dificuldade de concentração: a sobrecarga de informações e notificações constantes pode afetar a capacidade de concentração e foco nas atividades, prejudicando a produtividade.
Redução da qualidade do sono: a exposição excessiva à luz azul emitida pelas telas dos dispositivos digitais pode atrapalhar a qualidade do sono, comprometendo o descanso necessário para a saúde mental e física.
Isolamento social: o tempo excessivo gasto em atividades online pode levar ao isolamento social, prejudicando as interações pessoais e aumentando a sensação de solidão.
Ansiedade e estresse: a pressão para responder rapidamente a mensagens e e-mails pode gerar ansiedade e estresse, afetando negativamente o bem-estar emocional.
Como o RH e a liderança podem ajudar a conscientizar e a diminuir o Burnout Digital?
Educação digital e mudanças de hábitos são a resposta. É preciso uma mudança na cultura em geral, principalmente para que os colaboradores não se sintam constantemente ameaçados ou com seus empregos em risco caso não respondam e-mails ou mensagens fora do horário de trabalho. Algumas outras ações podem ajudar, confira:
Políticas de desconexão: estabelecer políticas que incentivem o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, como horários de trabalho flexíveis e períodos de desconexão após o expediente.
Treinamentos e conscientização: promover treinamentos e ações de conscientização sobre o uso saudável da tecnologia, alertando para os riscos do Burnout Digital e incentivando o autocuidado.
Ambiente de trabalho saudável: criar um ambiente de trabalho que valorize o bem-estar dos colaboradores, estimulando a cultura de cuidado e apoio mútuo.
Incentivo ao uso consciente da tecnologia: incentivar práticas como o uso do modo noturno nos dispositivos e a pausa para alongamentos durante o expediente, visando reduzir a exposição excessiva à luz azul e a tensão muscular.
Boas práticas digitais: incentive hábitos para que não haja a expectativa de resposta imediata, bloqueios de horários na agenda para pausas longe das salas de reunião e diminuição da necessidade de executar diversas tarefas ao mesmo tempo.
Cuidar da saúde mental de cada colaborador e respeitar sua individualidade são aspectos essenciais para o RH e liderança criarem um ambiente de trabalho saudável e produtivo. Reconhecer que cada pessoa é única e possui necessidades específicas é fundamental para promover o bem-estar emocional e o engajamento no ambiente corporativo. Investir em ações de apoio emocional, treinamentos sobre inteligência emocional e políticas de desconexão são algumas das iniciativas que podem contribuir para uma cultura organizacional que valoriza a saúde mental.