Já dizia Caetano Veloso: “Alguma coisa está fora da ordem, da nova ordem mundial” na música ‘Fora da Ordem’, onde a realidade que ele descreve não é exatamente o que estamos vivendo, mas o refrão parece combinar com o momento.
Como psicóloga organizacional (RH) pretendo analisar neste artigo a questão da “ordem” ou “desordem” no emprego. Enquanto tínhamos 12 milhões de desempregados no Brasil, antes da pandemia, pude observar a dificuldade em se conseguir um emprego com um salário compatível a formação escolar do profissional, ou ao grau de responsabilidade na função. A pessoa disponível no mercado de trabalho levava em média um ano para se recolocar e as relações interpessoais no ambiente de trabalho estavam muito tensas, pois as empresas lutavam para se manter no mercado e repassavam esta tensão aos colaboradores.
Com a retração da economia, provocada pelo confinamento, e o aumento de pessoas desempregadas e subempregadas, certamente repercutirá negativamente nas relações trabalhistas. Mesmo após a liberação de todas as atividades comerciais, que levarão alguns meses, muitas empresas não conseguirão retomar suas atividades e consequentemente recontratar seus antigos colaboradores.
Quando penso nesta situação fico imaginando um gato ao ser jogado pro alto. Você pode achar estranho, mas um gato ao ser jogado pro alto, sempre cai de pé. Um pai/mãe de família ao ser jogado pro alto, tem que cair de pé, ou seja, está desempregado (a), competindo com milhões de pessoas desempregadas, tem que dar um jeito. Reduzir expectativa salarial, mudar de função, reaprender novar tarefas, reduzir jornada de trabalho etc.
Fico preocupada apenas com o gerenciamento do stress, ou seja, por causa da “precisão”, como algumas vezes ouço em processos de seleção, o profissional abra mão da saúde e segurança no trabalho. Neste caso, sempre sugiro, pegue a primeira oportunidade de trabalho que lhe aparecer. Dê o seu melhor, sem reclamar pra chefia ou contaminar negativamente a equipe de trabalho. Mas fique atento (a) ao mercado de trabalho, na primeira oportunidade, escolha a melhor opção.
Ao abrir a economia, muitas oportunidades de trabalho surgirão. E lembre-se de que a maior experiência que tivemos, em tempos de confinamento, foi a proximidade nas relações interpessoais, não apenas nas lives com nossos artistas preferidos de pijama e chinelo, mas que nós também expressamos quem somos nas redes sociais, e todos que se relacionam conosco puderam nos conhecer melhor. A network, rede de relacionamento, sempre foi e sempre será a melhor maneira de nos recolocarmos no mercado de trabalho ou de nos abrirmos para novas oportunidades. Por isto, seja o melhor profissional que você puder ser, para que as portas estejam sempre abertas, e que seus colegas de trabalho e antigos líderes, sempre possam dar ótimas referências a seu respeito. O resto, remuneração adequada, trabalho dos sonhos, promoção, é questão de tempo, em fase de crise, este tempo é um pouco mais longo. Mas passada a crise, observando no passado, em fases de guerra e reconstrução, acredito que quem for gato, vai cair de pé e lucrar com tudo isto, ou seja, quem for flexível e adaptável, aprenderá algo com o que está vivendo e estará em sintonia com a necessidade do seu tempo. O mercado de trabalho abrirá um espaço para este profissional ou ele criará seu próprio espaço.