Pensar fora da caixa também é dever do RH

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Recentemente li um artigo que falava sobre as principais mudanças no setor de Recursos Humanos ao longo dos anos, como o grande avanço no uso da tecnologia, mais profissionais generalistas na área, humanização nos processos e até seu nome sofreu algumas variações como Gestão de Gente/Gestão de Pessoas/Desenvolvimento Humano Organizacional/Gente e Gestão e por aí vai. Percebi a visão das pessoas em uma empresa sair de percursores de mão de obra para capital humano da organização. Grandes mudanças ocorreram e grandes transformações estão por vir em um futuro muito próximo. Mas fiquei analisando o presente e se estamos preparados para uma atuação ímpar no cenário que vivemos no agora e gostaria de levantar um questionamento sobre essa chave que precisa ser virada em muitos momentos na cabeça do profissional de RH, que vai muito além dos processos,  metodologias e treinamentos, se trata da mudança que precisa acontecer no seu modo de ver e agir com as situações que surgem no seu caminho.

Você pode encontrar muito material sobre mudança de mentalidade, de visão, ter um modo positivista de trabalhar e muitos outros temas que abordam a iminente mudança do comportamento humano e o quanto ela está sendo essencial, inclusive para a manutenção dos empregos. Muito se fala em trabalhar mais as soft skills (competências comportamentais) que são fatores fundamentais, tanto na contratação quanto nas demissões e isso está totalmente ligado a sua capacidade de estar com a mente aberta para o novo, para o aprendizado e para a mudança.

Falar sobre isso já seria válido em qualquer circunstancia profissional, mas discutir sobre como a evolução da mentalidade do profissional de RH tem um peso maior do que imaginamos. Eu como profissional de RH a mais de uma década posso dizer que na maior parte do tempo olhamos para os funcionários e empresa, dividindo nossa visão e conciliando as relações. Entretanto, dificilmente trabalhamos nosso próprio desenvolvimento, e eu não me refiro aos cursos, treinamentos, workshops, sejam eles técnicos ou comportamentais, pois o foco do nosso trabalho é melhorar para os outros. Ainda acredito nisso, sem pessoas não teríamos um setor de RH, mas olhar para si e auto refletir sobre suas ações é o que você pode fazer de melhor para si e para o capital humano que está sob seus cuidados na empresa.

Mas mudar, sair da zona de conforto, receber críticas, outras ideias e situações que não achávamos que um dia iriamos nos deparar faz o processo ser muito difícil, principalmente se você possui um perfil mais conservador. Além do mais o setor de RH por ter se reinventado de várias formas, tornou-se uma área predominantemente estratégica, o que nos leva a intensificar a nossa capacidade de adaptação ao novo, ao desconhecido e ao desafiador, apesar de todos os obstáculos e dificuldades que encontramos pelo caminho, tais quais podemos citar a falta de reconhecimento da área, a alta demanda de trabalho e os problemas infindáveis que acontecem com as pessoas diariamente.

Olhar como estrangeiro foi uma frase que ouvi em uma live de uma ótima profissional de mentoria de carreira e isso é exatamente o que muitos profissionais de RH precisam. Ter essa visão de quem olha de fora, de como a empresa te olha, como sua equipe te enxerga, como o mercado de trabalho está te vendo e sem julgamento ou barreiras, tentar realizar sua auto avaliação para entender em que ponto está o sua performance ao lidar com outras pessoas. Sem justificativas que te levam a se agarrar em um passado glorioso, mas que talvez não funcione tão bem no momento, com coragem de entender como pode ser melhor comparando-se a você mesmo, como pode lidar o que constantemente cai no seu colo que é novo e como pode juntar tudo isso e ter um desempenho melhor no que faz.

Essa capacidade de não se engessar as justificativas ou valorização do status e perceber que pode estar aprendendo constantemente, inclusive com seus erros a Dra Carol S. Dweck em seu livro “Mindset: a nova psicologia do sucesso” retrata como uma mentalidade de crescimento pode te levar a se desenvolver cada vez mais nos relacionamentos, pois seu foco maior é saber que não sabe de tudo e que não há problema algum com isso. Aceitar que pode errar e ter a consciência que pode aprender com isso e não ficar com autoflagelação/autocompaixão, se culpando e se sentindo fracassado porque sua barreira da perfeição foi quebrada é o ponto chave para olhar o RH (que estamos falando aqui) de fora da caixa.

Além do mais, em um mercado de trabalho altamente competitivo o profissional que se destaca é aquele que consegue estar em constante aprendizado e que possua competência para tomar decisões, ter uma opinião e resolver os problemas que a área demanda constantemente. Acreditar que seguir o que funciona em outro lugar, vai funcionar aqui também ou seguir para onde a onda te carrega, é uma estratégia que pode te levar cada vez mais longe do RH. A descentralização do poder de gerir pessoas é um exemplo do quanto nós profissionais precisamos ampliar nossa visão, pois mais difícil que gerir uma equipe é gerir quem fará a gestão desta equipe. É entender as diferenças e aplicar soluções personalizadas, de forma que seja diferencia não só na organização, mas na gestão de sua carreira. 

Então, pare por um momento e observe o curso de sua vida profissional, questionando-se sobre o que tem a oferecer, qual problema consegue resolver, que tipo de decisão errada continua tomando, como os usuários das redes sociais estão te vendo, como está a sua empregabilidade e todas as outras dúvidas que muitas vezes surgem na sua cabeça, mas prontamente você as espanta por não ter tempo para isso.

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